3 de mai. de 2011

Parque Nacional De Ubajara










28/12/2009     Subindo a Serra de Ibiapaba



Pela BR-222, aos poucos, vemos a caatinga dando espaço ao cerrado e como sempre por essas bandas, a viagem não se deu sem as paradas pelo caminho. Após a pequenina Frecherinha a altitude vai aumentando e aparecem as árvores típicas da Mata Atlântica. Bem acima do nível do mar, atingimos a Serra de Ibiapaba, que já está quase na divisa com o Piauí. Subitamente, aparece em minha janela a imagem de um aventureiro num parapente que, aos poucos, vai sumindo no alto do precipício por onde bordeamos nas diversas curvas da estrada. Aproveito e registro aquele “pontinho” desaparecendo no horizonte.
         


Com altitudes que variam de 800 a 1.100 m, a Serra de Ibiapaba está localizada próximo a divisa entre o Ceará e o Piauí. Fazem parte dessa chapada as cidades de Viçosa do Ceará, Ipu, Garaciaba do Norte, Carnaubal, São Benedito, Ibiapina, Ubajara e Tianguá. De acesso fácil, as cidade são todas interligadas por rodovias asfaltadas e próximas, umas das outras.
        
São 110 km de uma bonita serra com clima ameno, que oscila entre 15 e 25° C. Um oásis verde e montanhoso dentro do sertão tórrido, permitindo uma flora com duas formações predominantes: uma é semelhante à Floresta Tropical Amazônica, com espécies como o cedro, o babaçu, o pau d’arco amarelo; a outra, a caatinga, representada pelo jatobá, o angico, marmeleiro, ingazeiro e juazeiro Ha grutas e cavernas, além de muitas cachoeiras e mirantes em torno da chapada que completam as vistas espetaculares.


A fauna é rica em diversa variedade de insetos. Há mais de 120 espécies de aves, entre elas gavião, acauã, urubu-rei e canários. Há grande quantidade de répteis, como a iguana, teiú, cascavel, jiboia e cobra coral. Macaco-prego, mico-estrela, sagui e tamanduá-mirim e onça vermelha também são encontrados dispersos em um relevo composto por rochas variadas, que criam paisagens morfológicas diversas nessa Serra, cujo nome significa “lá onde a terra acaba".

Logo depois chegamos à rodoviária de Tianguá, que é a cidade de melhor estrutura para quem vai conhecer o Parque Nacional de Ubajara, apesar de ficar cerca de 19 km de distância. De lá ainda passamos pelo centro da cidade para mais embarque de passageiros e, como se não bastasse, poucos minutos após deixarmos a cidade, o motorista para o ônibus no acostamento e começa a tirar a passagem de quem ainda não a tivesse. Foram quase trinta minutos fazendo a cobrança! Ainda bem que o coletivo tinha certo conforto. Por fim, três longas horas após, adentrávamos pela pequenina cidade de Ubajara.
O ônibus para em frente ao Box da empresa, na principal rua da cidade. Ali não há rodoviária! Os taxistas ficam na calçada disputando os passageiros à medida que vão desembarcando.
Desde Sobral que tinha percebido a presença de um casal de franceses com seus dois filhos no mesmo ônibus. Ao desembarcarmos, soube que eles também se hospedariam no Sítio do Alemão, cerca de três quilômetros do centro da cidade. Um taxista se ofereceu para nos levar. Acreditávamos que o valor cobrado seria dividido por dois. Porém, o esperto do motorista nos ludibriou e ganhou dobrado as nossas custas.




                         
           




Subindo a Serra de Ibiapaba




O pontinho é um praticante de voo livre




Serra de Ibiapaba

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29/12/2009      Em Ubajara          

 Acordei algumas vezes na madrugada fria cearense. O Sítio do Alemão está localizado numa mata onde se podem encontrar pés de café, bananeiras, mangueiras, jaqueiras, jatobás e diversas outras árvores. Há cinco chalés de vários tamanhos isolados um do outro e fica cerca de 1,5 km do Parque, sendo esse o motivo da minha escolha de hospedagem em Ubajara.
             
Após o café da manhã servido no caramanchão junto aos franceses e um casal de brasileiros, segui em uma estradinha de chão batido por 20 minutos até o asfalto aonde se encontrava o portão do Parque.
             
O Parque Nacional de Ubajara é o menor do Brasil, com 62 km². Localizado na Serra de Ibiapaba e a 4 km do centro da cidade, tem um relevo de morfologia variada e uma paisagem de contrastes, onde uma serra úmida e verdejante está encrustada numa região semiárida.
             
 Foi criado em 1959 e tem como sua maior atração a gruta de 1.120 metros de extensão localizada numa depressão de 560 metros à qual pode se chegar por um teleférico ou percorrendo uma trilha de moderada dificuldade e para quem tem bom preparo físico.
          
A criação do Parque teve como objetivo a preservação da Gruta de Ubajara e também da fauna e flora dos ecossistemas de caatinga e mata úmida que formam um ambiente de transição na Serra da Ibiapaba.
         
Ubajara significa “senhor da canoa”. Nome que se originou de uma lenda indígena na qual um cacique que, vindo do litoral, teria morado na gruta durante longos anos (Ubá = canoa e Jara = Senhor). Lenda ou verdade o fato é que esta tradução foi aceita pelas autoridades e pela população de Ubajara, inclusive na bandeira do município consta a imagem de um cacique remando em uma canoa.
             
A Gruta possui salões de calcário moldados pelas águas subterrâneas. Em meio às estalactites e estalagmites nomes vão sendo dados de acordo com as semelhanças adquiridas pelas formações ali presentes. Há flor, sapo, figura de moça, de sino e tantas outras dependendo da imaginação de cada um, que ganham uma beleza diferente, à medida que se acende a iluminação artificial dos oitos salões.
             
As visitas são obrigatoriamente guiadas e só se permite 300 pessoas por dia, divididas em grupos de 12, nos 420 metros da gruta que estão abertos ao público. O Parque abre das 8h às 17h e o teleférico funciona até às 16h.
             
Nesse dia a trilha que leva à Gruta estava fechada para manutenção, porém era possível chegar a um Mirante percorrendo parte dela. Assim, às 10 horas da manhã seguimos em um pequeno grupo, por entre árvores centenárias, algumas nativas outras não, onde o guia ia nomeando-as à medida que nos informava algumas propriedades e utilidades delas: copaíba, murici, eucalipto, pau-pombo, mangueiras, etc.
             


Cerca de trinta minutos após, chegamos ao Mirante, de onde se podia ver a pequena queda d’água que despencava no precipício na imensa chapada do outro lado. No horizonte verde azulado do longínquo vale, avistávamos a pequenina cidade de Araticum.
             
Uma hora após já estávamos de volta e após comprar o ingresso me dirigi à fila do teleférico, que àquela hora era enorme! Mas, a visão exuberante daquela imagem panorâmica era um deleite àquela hora.
             
Durante a descida do teleférico o visual extraordinário da chapada nos faz esquecer a profundidade do abismo sobre o qual íamos passando. Ao final da linha, chegamos a uma plataforma de onde, por uma enorme escada, descemos vários lances até chegarmos à entrada da Gruta. Lá mais uma grande fila de visitantes aguardava a sua vez de entrar.
             
A visita foi muito rápida, deu-me a impressão de que algumas partes da gruta não foram percorridas. Ao indagar o motivo, o guia me informou que se existissem crianças no grupo o trecho seria limitado em virtude de ali ser habitat de morcegos, e o cheiro forte por eles exalados poderia ser prejudicial. E o cheiro estava impregnando as narinas! Ficou um gostinho de quero mais. A iluminação artificial dos salões produzia formas de aspecto peculiar.
             
Na pequena lanchonete no pátio principal do Parque fiz um pequeno lanche e de lá retornei para o Sítio do Alemão. O sol estava forte, porém as nuvens amenizavam um pouco o calor. À beira da estradinha de terra as pequenas casas com seus jardins floridos davam um charme especial à minha caminhada.
             
Era final de tarde quando segui a trilha pela floresta atrás dos chalés até um mirante, cerca de meio quilometro após, onde fui brindada com um panorama deslumbrante, apesar da forte neblina que marcava o horizonte.
             
Pedi uma lasanha para o jantar e logo cedo fui dormir. A temperatura havia baixando ainda mais e a madrugada foi de muita chuva. Às cinco horas já estava acordada e durante o café da manhã o taxi chegou para me deixar no ponto onde pegaria o ônibus para Piripiri, no Piauí. Havia combinado dar uma carona ao casal de franceses, porém eles não estavam prontos na hora. Pedi e paguei ao taxista para voltar ao Sítio e pegá-los. No entanto o taxista retornou e me disse que os franceses já tinham ido embora do Sítio em outro taxi. O tempo foi muito curto para que isso tivesse acontecido e suspeito que mais uma vez eu tenha sido enganada.


         Um pouco de história...




 
O atual Município de Ubajara era habitado primitivamente pelos índios tabajaras. A primeira penetração foi feita por volta de 1604, por Pero Coelho de Souza, que tentou conquistar as terras férteis da serra de Ibiapaba. Auxiliado pelos jesuítas Francisco Pinto e Luís Figueira, promoveram pacificação dos índios e o desenvolvimento das aldeias.


A Gruta de Ubajara é conhecida desde o início do século XVIII, quando os portugueses realizaram expedições na região em busca de minérios, especialmente prata. Hoje, á a principal atração que move a economia da cidade, que tem um clima de montanha devido à altitude de 847 metros acima do nível do mar, com uma temperatura média de 20° C.

            Retornando ao presente...

O ônibus da empresa Roldtur passaria às 7 horas pela Praça do Relógio no centro da cidade. O ponteiro já se aproximava das oito quando apontou na esquina! E ainda teríamos 3 horas pela frente até chegarmos à Piripiri. Não que a distância fosse tanta, mas por ser o ônibus um verdadeiro pinga- pinga!


Trilha para o Mirante


Mirante





Começando a descida para a Gruta








Lance de escada no fim do teleférico












Saindo do Parque


Em direção ao Sítio






Trilha para o Mirante do Sítio





Mirante do Sítio


Chalé