3 de mai. de 2011

Serra da capivara





31/12/2009                O Último Dia do Ano  


  
Manhã do último dia do ano e às nove e meia eu já me encontrava na rodoviária de Piripiri aguardando o ônibus que me levaria à capital do Piauí, Teresina.


Um fato muito comum nas interioranas e pequenas cidades são os atrasos dos ônibus. Invariavelmente pegamos um coletivo que partiu de outra cidade e nunca o encontramos na plataforma na hora marcada para o embarque. Desta vez houve uma exceção, o ônibus chegou na hora prevista e em poucos minutos se deu a saída.


O climatizado ônibus da empresa Guanabara com suas largas poltronas nos permitiu um agradável e confortável percurso sem paradas, apesar de atravessarmos várias cidades pelo caminho e, em pouco mais de duas horas percorrendo a BR-343, vislumbrei uma verdejante paisagem composta pela vegetação de transição entre a Região Norte e o Sertão: a Zona dos Cocais com suas típicas palmeiras, a carnaúba e o babaçu.


A chegada à Teresina foi tranquila, no entanto gastamos mais de uma hora até o terminal rodoviário, pois o ônibus fez um grande percurso para os vários desembarques dos passageiros. Valeu como uma visão prévia da capital, cortada pelos rios Poti e Parnaíba.


A programação inicial tinha Teresina incluída no roteiro e para ela foram reservados dois dias, o que seria suficiente para conhecer suas principais atrações. Porém, ao chegar à rodoviária tomei conhecimento de que uma única empresa de ônibus fazia a linha até São Raimundo Nonato e se não embarcasse no próximo ônibus, deixando para fazê-lo dois dias após quando haveria vaga, só chegaria à madrugada do terceiro dia do novo ano, sobrando-me um tempo menor para conhecer o Parque Nacional da Serra da Capivara, já que precisaria estar na madrugada do dia cinco no aeroporto de Petrolina, de onde retornaria para Recife.


 A solução foi deixar para conhecer Teresina em outro momento e da rodoviária não saí, embarcando, duas horas após a minha chegada, com destino a São Raimundo Nonato, não antes de fazer um rápido lanche.


Ao embarcar não tinha ideia do que teria por vir. Antes mesmo de deixarmos o perímetro urbano, o ônibus foi invadido por ambulantes vendedores. Milho assado, pipoca, biscoitos, água e todo tipo de balas e refrigerantes eram alguns dos seus produtos. As poltronas ainda vagas, logo foram ocupadas e deixamos a cidade com diversos passageiros dispostos a fazerem sua viagem em pé.


Apesar das empresas disponibilizarem ônibus com relativo conforto, pelo menos climatizado, praticamente nenhuma linha é percorrida sem interrupções. Basta existir uma cidade no percurso ou alguém na beira da estrada esboçando algum sinal, para que o motorista já esteja parando para mais um passageiro. Isto faz com que uma viagem seja feita com quase o dobro do tempo necessário para realizá-la. Esta não foi exceção e apesar das incontáveis paradas para desembarque, o contínuo embarque de passageiros, mesmo na escuridão da noite, não fazia diminuir o número de pessoas sem assento de tão cheio que permanecia o ônibus.


Não bastasse isso, a própria estrada fez a sua parte para tornar esta numa longa e cansativa viagem. De Teresina até Floriano o asfalto se encontrava com boa conservação, apesar de trechos com acostamento precário. Desta última cidade em diante, se um dia houve um asfalto, este não existia mais e a estrada se tornou um caminho de terra com buracos de diversos tamanhos, brindando-nos com sopapos e solavancos a todo instante, o que impedia ao ônibus ultrapassar os 40 km/h. Estávamos na PI-140, conhecida como Transpiauí.


As típicas palmeiras ainda me acompanharam por longa extensão, visual que foi, aos poucos, substituído por um lindo e último por do sol atrás das chapadas longínquas.














Em algum lugar no meio do nada paramos para jantar. Após as primeiras garfadas, desisti da péssima comida e resolvi matar a fome com uma xícara de café com pão. Este só conseguido após a primeira negativa da dona do estabelecimento. Afinal, naquele fim do mundo ela também teria dificuldade para conseguir mais pão para o café da manhã do dia seguinte. Por pena ou enxergando a possibilidade de ganhar algum dinheiro as minhas custas, resolveu me vender um pão com manteiga “superfaturado”. Paguei um valor que daria para comprar pelo menos três pães. E foi esta a minha última refeição do ano.


De volta à estrada e a seus buracos, consegui dormir: viva o “santo dramim”!


Já não havia mais passageiros em pé e sou acordada por um estampido. Era um pequeno grupo de jovens no fundo do ônibus celebrando com espumante a chegada de um novo ano.


Após doze horas pelas estradas do sul do Piauí, chego à pequena rodoviária da cidade. Com minha bagagem na mão a dúvida era se encontraria um taxi àquela hora da madrugada para me levar até o hotel. Mas, rapidamente, tive esse pequeno dilema resolvido, pois é comum haver taxi até a madrugada aguardando a chegada do último ônibus do dia procedente da capital.


 A 550 km de Teresina, ao sul do Piauí, estava o município de São Raimundo Nonato. Cidade pequena, com cerca de 30 mil habitantes e em plena Caatinga era a porta de entrada para o belo cenário que me esperava. E foi buscando conhecer a nossa ancestralidade, através dos vestígios com milhares de anos, que cheguei à manhã do primeiro dia do ano de 2010 ao Parque Nacional da Serra da Capivara.
        
 


___________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________






                                     
01/01/2010                  


                              Em busca da Pré-História Brasileira


Levando-se em conta os vestígios encontrados na Serra da Capivara, 50 mil anos se passaram desde que se iniciou a história do homem brasileiro. E esta saga teve início em pleno sertão nordestino.
         


Quem seriam esses primeiros homens que deixaram restos de fogueiras e os que lhes sucederam 40 mil anos depois, responsáveis pelos coloridos desenhos nos abrigos rochosos, como o Boqueirão da Pedra Furada?
         


Dos primitivos habitantes só se sabe o que se tem relatado com a chegada dos portugueses no início do século 16. Os grupos indígenas, na sua maioria do tronco Tupi, eram caçadores e coletores e começavam a se dedicar ao plantio da mandioca, do milho, da batata doce e de árvores frutíferas. Mas o que ficou registrado desses primeiros contatos vai desde a primeira impressão pelos colonizadores de paraíso terrestre ao inferno de conflitos com os índios, algum tempo depois.
        


Para garantir a posse do território à Coroa Portuguesa, fidalgos empobrecidos assumiam as Capitanias Hereditárias e, como mão de obra para o cultivo dessas terras, tentaram escravizar os índios. Recusando-se a esse tipo de trabalho nas plantações e apesar da desvantagem com o armamento de guerra (arco e flecha contra espadas e, às vezes, canhão), conseguiram estragos e das dezessete Capitanias, quase todas fracassaram. No Nordeste sobreviveu a Capitania de Pernambuco.
        


Para retomar a ordem, a Coroa instituiu o Governo Geral, que se estabeleceu na Bahia. Poucas décadas depois, as armas e as doenças trazidas pelos europeus dizimaram as povoações indígenas de toda a costa.
Quanto aos artistas da Serra da Capivara? Permanece um mistério...


                                       Parque Nacional Serra da Capivara


Situado na região semiárida do Nordeste do Brasil, abriga nos seus 129.100 hectares mais de 900 sítios arqueológicos. A maioria é constituída por abrigos embaixo de rochas, cujas paredes serviram, durante milênios, como base para pinturas e gravuras, onde se podem reconhecer animais, cenas de rituais, de dança, de sexo, de parto, enfim, da vida cotidiana.
        


As pesquisas arqueológicas se iniciaram na década de 70. Em 1975 o governo francês disponibilizou verbas para a realização de expedições científicas no local. Desde então, equipes de cientistas e técnicos brasileiros em cooperação com estudiosos franceses, sob o comando da arqueóloga brasileira Niéde Guidon, encontraram fosseis humanos e de animais extintos, restos de cerâmica e utensílios de pedra polida, provas da presença do homem no continente desde tempos remotos, revelando a grande riqueza cultural e histórica dessa região.
       


Apesar de não se saber exatamente como o homem chegou ao continente americano, esses achados indicam que entre 50 mil e 12 mil anos atrás, grupos humanos, atraídos pela floresta úmida e uma planície coberta pela savana, além da presença de grandes animais, como mastodontes, preguiças e tatus gigantes, fixaram-se na Serra da Capivara, onde utilizaram os abrigos embaixo de rochas (caldeirões) como ponto de caça e os espaços mais abertos como moradia. De pedra ou madeira, faziam seus instrumentos cortantes, como raspadores e perfuradores.
       


Entre 12 e 5 mil anos houve uma drástica mudança climática na região, instalando-se o clima semiárido, o que pode tê-los obrigado a mudanças no seu modo de vida e, consequentemente, no emprego de novas técnicas para confeccionar os seus instrumentos. Aparecem os artefatos em cerâmica.
       


De 3.500 anos atrás até meados do século 16, grupos agricultores e ceramistas permaneceram nessa região, até serem gradativamente exterminados pelos colonizadores. Aos poucos essas terras foram transformadas em fazendas de gado e pequenas lavouras.
       


Desde 1979 essa área se constituiu como Parque Nacional e em 1991 foi catalogada pela UNESCO como Patrimônio Cultural da Humanidade. Três anos após passou a ser administrado pela Fundação Museu do Homem Americano (Fundham), de caráter privado, em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Hoje essa gestão conjunta se faz com o Instituto Chico Mendes.
O Parque é aberto durante todo o ano e é obrigatório o acompanhamento por um guia credenciado durante a visita.
       


A melhor maneira de se chegar até São Raimundo Nonato, cidade que tem a melhor estrutura e serve de base para a visita ao Parque, é via Petrolina, que dispõe de aeroporto de médio porte. E de lá seguir 270 km pela BA-235, que no período das chuvas tem o seu asfalto bem danificado. De Teresina o trajeto é feito pela BR-343 até a cidade de Floriano, continuando pela PI-140, estrada, invariavelmente, em péssimas condições de conservação, o que torna esta uma opção desagradável. Existe um campo de pouso habilitado para receber pequenos aviões em São Raimundo, porém não há voos comerciais, mas há uma proposta para que em futuro próximo estes sejam regulares.
      


O Hotel Serra da Capivara fica localizado em um bosque, fora do centro comercial de São Raimundo Nonato. Havia um sonolento funcionário me aguardando, pois ao resolver embarcar no dia anterior, liguei para o hotel solicitando a antecipação da minha reserva e informando o horário da minha chegada.
      


Tomei um relaxante banho e dormi até o horário do café da manhã, momento em que aproveitei para solicitar um guia que me conduzisse até o Parque. Em seguida voltei a dormir até próximo ao meio dia, quando fui chamada para acertar os detalhes da visita.
       


O guia me informou que a única forma de chegarmos até o Parque, cerca de 30 km dali, seria de moto ou carro. A cooperativa para qual trabalhava, ele e todos os demais guias, dispunha dos meios de transporte para quem não tivesse o próprio. Este, mais uma vez, foi o meu caso e, consequentemente, senti no próprio bolso novamente como é oneroso sair para conhecer o nosso país. Já que não há incentivo, por parte dos governantes e autoridades competentes, para que sua própria gente conheça as riquezas e patrimônios culturais, nem sempre localizados em centros urbanos. Não disponibilizar linhas de transporte público para estes locais inibe que uma grande parcela da população venha a conhecê-los.
       


O dia estava nublado e nuvens carregadas prenunciavam uma tarde chuvosa. Mesmo assim, não podíamos perder tempo e após acertamos o que seria visto, o valor do aluguel do carro e os honorários do guia, saímos em direção ao Parque.
O guia foi me explicando a história do encontro das inscrições rupestres pelos habitantes locais e como se tornou do conhecimento da arqueóloga Niéde Guidon, que por motivos diversos só começou a pesquisá-los no início da década de 70. Falou-me das características dos desenhos e suas respectivas Tradições. Pela BR-020 chegamos à entrada, onde um grande paredão de arenito o delimita e tem nas pequenas casas dos moradores do entorno o complemento para um cenário de beleza natural.
      


À portaria foi feita a compra do ingresso. De lá seguimos por uma trilha onde se podia ver a vegetação rasteira predominada por cactos e entremeada por arbustos. O som melancólico de um pássaro nos acompanhava até chegarmos ao Sítio do Meio, o segundo mais importante do Parque com pinturas rupestres da Tradição Nordeste. Visualizava-se um painel de caráter narrativo, representando uma ação entre veados e figuras humanas.
Foi aqui que encontraram os pedaços de cerâmica mais antiga das Américas, mais de 8.000 anos. E o primeiro artefato americano em pedra polida, uma machadinha de 9.200 anos! Disse-me o guia.
      


Na paisagem se destacava um relevo variado com chapadas, planícies e buracos escavados naturalmente nas rochas, conhecidos como caldeirões. Árvores de maior porte, características de floresta tropical úmida estavam agrupadas em pequenas zonas, conhecidas como boqueirões, constituindo um verdadeiro ecossistema, habitat de fauna e flora diferenciada das demais áreas, eram testemunhos da mudança climática que houve há 10 mil anos atrás.


       


O guia explicava que entre novembro e maio era a estação das chuvas e daí estarmos encontrando aquele verde exuberante da vegetação. A partir de junho, começa o período onde o índice de chuva é muito pouco e as folhas da maioria das árvores e arbustos caem. Os troncos adquirem uma cor branca-acinzentada, aspecto este que deu origem ao nome caatinga, “mata branca” pelos indígenas. Curiosamente é o período de maior afluência de estrangeiros para visitar o Parque.
      


A flora na sua maioria é rica e típica representação da Caatinga, onde o clima semiárido e um solo pedregoso permite o desenvolvimento de uma vegetação adaptada às condições de pouca água. Essas plantas xerófitas têm raízes longas que se aprofundam em busca de água no subsolo. Suas folhas modificadas em espinhos são uma adaptação que reduz a perda de água por evaporação. Mandacaru, o xique-xique e coroa-de-frade são comuns ao lado do juazeiro, do umbuzeiro e da barriguda, cujo tronco abaulado armazena água.
       


A fauna apresenta espécies endêmicas (exclusivas desse bioma) como o mocó e uma espécie de lagartixa registrada somente no Parque. Também são comuns preás, tatus, iguanas, cascavéis, sapos e águias. Nos boqueirões podem ser encontradas araras vermelhas e macacos-guariba, mas só encontrei a lagartixa.
       


O tempo fechou e a chuva começou a cair. Um pouco molhados, resolvemos retornar à cidade e ir Visitar o Museu do Homem Americano.
       


Surpreendi-me com a organização e a qualidade do material empregado na sua construção e nos locais destinados às peças do acervo, cuja disposição nos permite um passeio pelas origens e evolução do homem, reconstituindo os 50 mil anos da sua presença na região. Num ambiente totalmente climatizado, sentamos nos confortáveis assentos de uma ampla sala e pelo telão de um moderno sistema de projeção audiovisual, assistimos a um documentário com as imagens das pinturas rupestres encontradas nos diversos sítios arqueológicos do Parque.
       


Cerca de 90 peças estão em exposição, entre elas seixos queimados em fogueira há mais de 50 mil anos, ossadas humanas e de animais, urnas funerárias, a machadinha de pedra polida e fragmentos de cerâmica. Porém a peça que mais chama atenção é um cubo transparente que guarda um cristal de quartzo em formato de ponta de projétil, lapidado há mais de 8.000 anos.
       


Como em todo museu que se preze, aqui também encontramos uma lojinha de “souvenir”. Em exposição uma pequena amostra da cerâmica que é atualmente produzida em Barreirinho, povoado da zona rural do Município de Coronel José Dias, próximo a São Raimundo Nonato.
      


Visando oferecer alternativas de emprego e renda para as famílias da região, técnicas artesanais e alta tecnologia são utilizadas na confecção de peças cerâmicas decoradas com os desenhos pré-históricos dos primeiros designers que ocuparam essa área. Dessa forma, os moradores locais são estimulados a abandonar a caça predatória e o desmatamento, criando uma cultura de preservação e consciência ecologicamente correta. A Cerâmica Serra da Capivara já conquistou prêmios, mercados e reconhecimento internacional.
        


Projetos voltados para a comunidade local, como a cerâmica artesanal, a apicultura e o ecoturismo (com o trabalho de guias) são algumas das atividades dentre as principais (os trabalhos arqueológicos realizados no Parque e o de pesquisas sobre a conservação da caatinga e dos sítios) desenvolvidas pela Fundação Museu do Homem Americano, criado em 1986.
        


A noite se fazia presente quando deixamos o museu e de volta ao hotel, percebo que sou a única hóspede. Por conta disso só tive sanduiche e refrigerante como opção de refeição.

















____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________











02/01/2010        O Cartão Postal da Serra da Capivara


Ainda sem outros hóspedes, sozinha tomei um reforçado café da manhã. Às sete e meia já estávamos de saída para continuarmos a visita ao Parque. Após passarmos pela portaria para compra de novo ingresso para aquele dia, chegamos ao sopé de uma formação rochosa e por ela fomos subindo, até perceber que chegara ao meu limite. Alguns minutos de descanso para apreciar o boqueirão embaixo, com suas enormes árvores e retornamos pela mesma trilha por onde tínhamos vindo. A fauna local se fazia representar por uma iguana, lagartos e um bando de periquitos. O mesmo som melancólico da ave do dia anterior nos brindava pela caminhada.
           


Ao longo de 14 trilhas, vários sítios arqueológicos estão abertos à visitação, entre os mais de 900 existentes no Parque, onde mais de 30 mil pinturas rupestres foram catalogadas. Alguns desses sítios são alcançados através de passarelas de madeira em bom estado de conservação, que nos permitem aproximar das pinturas ora avermelhadas, ora esbranquiçadas. Muitas delas retratando danças, rituais, cenas de sexo, de parto e de caça. Outras mostrando grupos de animais ou simplesmente grafismos. Algumas estão sobrepostas a outras, significando a passagem de grupos diversos em épocas distintas de ocupação da região.
           






                                    


Caminhamos por trilhas conservadas e bem sinalizadas que nos levaram a outros sítios, dentre eles a Toca do Chico Coelho, ornamentada com pinturas representando veados, seres humanos em cerimoniais e em sexo coletivo. A Toca da Fumaça, que teve a fumaça produzida pela cozinha de população que aí se estabeleceu em época mais recente, cobrindo várias pinturas, como o do grande cervo vermelho sobre o qual foram desenhadas varias emas brancas. Na Toca dos Coqueiros foram encontrados instrumentos de pedra lascada e um esqueleto humano datando de mais de 9.500 anos.
           











Os sítios mais famosos estão no Baixão da Pedra Furada. Figuras dinâmicas estão espalhadas pelos paredões de rochas sedimentares de formatos curiosos e com até 100 metros de altura. A Pedra Furada é uma rocha que por causa da ação dos ventos e das chuvas ficou com o seu centro vazado. Ladeada por verdejantes arbustos, destaca-se no meio da caatinga, sendo o cartão postal do Parque.
Aqui foram encontrados os vestígios mais antigos conhecidos da presença do homem nas Américas: fogueiras estruturadas de 50 mil anos! Ressaltou o guia.
           






Fracos raios de sol atravessavam as espessas nuvens acinzentadas, o que nos permitia andar sem sentir muito calor. Chegamos ao Centro de Visitantes, onde algumas pessoas descansavam das caminhas pelas longas trilhas. Aproveitei para assistir a um documentário da arqueóloga Niéde Guidon sobre o Parque. Após fazermos um lanche, retornamos aos sítios históricos. Foi a vez do Baixão das Mulheres I e II, cânion de 60 metros de altura com pinturas rupestres e da Toca da Invenção.
           

Centro de Visitantes





                                                        Trilhas bem sinalizadas
Dei-me por satisfeita com as imagens da arte primitiva dos nossos antepassados e retornamos à BR-020 e dela passamos à PI-140, de onde alcançamos uma estrada de terra que nos levou até o Baixão das Andorinhas. Como ainda era cedo da tarde, aguardamos na guarita até a hora em que poderíamos apreciar o espetáculo das encantadoras aves.
           




Saciamos a sede com a água filtrada da chuva e o descanso foi acompanhado pelas histórias da responsável pela guarita, que isolada com outra funcionária, só tem folga uma semana por mês, quando retorna para sua casa. Relatou-nos que, apesar do isolamento e da presença dos animais do entorno, inclusive da visita de onças, já estava acostumada e gostava do seu trabalho, onde se mantinha em permanente comunicação com a Central da Cooperativa.
           


Passava das quatro e meia quando nos dirigimos para a trilha, à esquerda da guarita. O acesso não era fácil, com subidas íngremes e muitas vezes em pedra. Árvores com seus ramos e galhos secos constantemente nos obrigava a fazer desvios para não sermos atingidos. Cerca de vinte minutos após, estávamos em cima de enormes rochas que formam um cânion de 90 metros de profundidade e onde todos os dias, por volta das dezessete horas, as andorinhas chegam , em bandos ou isoladas, descendo em voos rasantes para os ninhos nas fendas do desfiladeiro. A velocidade é tamanha que o som que emitem, lembra o zumbido de um carro de fórmula 1 em plena corrida.
             




Quase dezenove horas quando cheguei ao hotel e dessa vez fui surpreendida, havia três 4X4 estacionados. Não estaria mais sozinha, outros hóspedes se espalhavam pelas dependências, contatando guias que os levariam para conhecer as maravilhas do Parque Nacional da Serra da Capivara. Desta vez, tive o prazer de saborear um delicioso jantar.

________________________________________________________________
________________________________________________________________


03/01/2010

                                        Por do Sol no Rio São Francisco




Pleno domingo e às 10 horas da manhã aguardava o ônibus da empresa Gontijo que me levaria de volta para Pernambuco.
Atrasados, saímos por volta das 11:30 h.
         

Deixamos São Raimundo Nonato, no Piauí, atravessamos parte do estado da Bahia e entramos em Pernambuco, já no final da tarde. A estrada estava péssima e o ônibus fazia jus, tão ruim quanto. Além do fato de não conseguir poltrona no início da viagem, já que alí era mais um ponto de parada. Amarguei um bom trecho em pé!

Às 19 horas cheguei em Petrolina, onde me aguardava a dona da pousada em que me hospedei. Finalmente um longo e restaurador banho. Estava finalizada esta primeira etapa das Andanças Nordestinas.
         

No dia seguinte, aproveitei para conhecer alguns pontos turístico de Petrolina e assisti ao lindíssimo por do sol à beira do Rio São Francisco, tendo do outro lado da margem a cidade baiana de Juazeiro. Curiosamente, neste percurso comecei e terminei olhando duas cidades com o mesmo nome: Juazeiro!



05/01/2010

Do aeroporto de Petrolina, às 5:30 horas  embarquei para Recife.