19 de mai. de 2012

Nordeste



O Marco Zero do Brasil


Foi no Nordeste que se deu início à história do Brasil. Por não encontrar as especiarias e metais nobres que procuravam ao aportar no litoral da Bahia, as novas terras, apesar de exuberantes, não despertaram inicialmente o interesse dos portugueses.

Por conta do contrabando do pau-brasil (utilizado na Europa como corante) e ação pirata de outros países, apenas em 1534 se inicia a ocupação portuguesa com as capitanias hereditárias, sistema que so prosperou com São Vicente (São Paulo) e Pernambuco. Segue-se a instalação do governo-geral, tendo o centro administrativo na recém fundada cidade de Salvador.

É a indústria açucareira estabelecida no litoral nordestino (principalmente Pernambuco e Bahia) que sustenta, em finais do século 16 e ao longo do 17, a economia da colônia. No entanto, com a concorrência da produção do açucar das Antilhas e a descoberta do ouro em Minas Gerais, há o deslocamento do eixo econômico para o Sudeste no século seguinte.

Foi no Nordeste que se deram os primeiros protestos contrários à política da Coroa, como a Revolta de Beckman (1684, no Maranhão), a Guerra dos Mascates (1710/12, em Pernambuco), a Conjuração dos Alfaiates (1798, na Bahia) e a Revolução Pernambucana (1817). Pouco tempo após a proclamação da Independência, divergências com relação a atos do imperador reacendem em Pernambuco os ideais republicanos, é quando ocorre a Confederação do Equador. Ao longo do século 19, além dos movimentos republicanos, movimentos abolicionistas se disseminaram pelo Nordeste.

Chega a República e se instala a política do "coronelismo", apoiada no poder dos grandes latifundiários, que impunham sua vontade pela força. As disparidades sociais se aprofundam e os longos períodos de seca se tornam pano de fundo para o surgimento do cangaço, de movimentos religiosos fanáticos e do fluxo migratório para outras regiões, como o Norte, no período de exploração da borracha na Amazônia, o Sudeste, em busca de oportunidades na indústria e para o Centro-Oeste, em virtude da construção de Brasília. Dessa forma o Nordeste, desde a descoberta do Brasil, foi palco de relevantes acontecimentos históricos que influenciaram o desenvolvimdnto da nação.


Nordeste das diferenças



As diversidades climática, geográfica, econômica e humana fazem com que esta região seja dividida em sub-regiões com aspectos e características distintas. Da zona litorânea ao interior são conhecidas cinco: Zona da Mata, Agreste, Sertão e Meio-Norte.                        

A Zona da Mata localizada no litoral oriental do Nordeste e banhada pelo Oceano Atlântico, compreendeuma faixa desde o Rio Grande do Norte até o sul da Bahia. Foi assim nomeada por conta da área florestal que a recobria, onde apareciam as madeiras-de-lei, como o jacarandá, a peroba, o pau-brasil e outras espécies de alta qualidade e grande valor econômico, nos solos de massapé. Aos poucos, essa área verde foi desaparecendo, inicialmente com a exploração de madeira, depois com a ocupação de grandes áreas para o cultivo da cana-de-açúcar.
    

Com a diminuição dos lucros do cultivo da cana, em meados do século 18, o cacau passou a ser cultivado, principalmente no sul da Bahia, dando continuidade à devastação da Mata Atlântica, que se perpetua, hoje em dia, com a prática de queimadas e exploração da madeira. Nesta área chove muito, com índices de 1.800 a 2.000 mm anuais, principalmente no inverno. Isto se deve, entre outros fatores, à umidade que sopra do mar para o continente. As temperaturas são altas quase o ano todo,entre 24 e 28 ºC, com uma ligeira queda nos meses de inverno. O clima é tropical úmido.
           

O Agreste é a faixa de transição entre a Zona da Mata e o Sertão. É onde se encontra o Planalto da Borborema, com terras mais úmidas a leste e clima mais seco à oeste. Nesta área predominam as pequenas propriedades rurais (minifúndios), fornecedores de feijão, mandioca, milho e argave (planta da qual se extrai o sisal, fibra utilizada na fabricaçaão de cordas, sacarias, etc). A pecuária que aí se desenvolveu tem na criação do gado bovino leiteiro e no caprino(exigem poucos cuidados) sua atividade principal como fornecedora de alimentos. Desse comércio alimentício surgiram entrepostos comerciais (lugares de comércio de troca) que deram origem às maiores cidades dessa região.
          

O Sertão é a maior sub-região. Onde as chuvas são irregulares, com índices pluviométricos baixos, entre 300 e 750 mm ao ano. Os solos são rasos e pedregosos e passada a época das chuvas, muitos rios secam. Devido a essas características, é aí que se desenvolve a Caatinga (“mata branca” na língua indígena), vegetação com aspecto acinzentado e aparência morta durante o período mais seco. Suas plantas são adaptadas às condições locais de pouca água, as xerófitas, com raízes longas que se aprofundam para busca de água no subsolo. As folhas modificadas em espinhos são uma adaptação para reduzir a perda de água pela evaporação.As plantas são de tamanhos variados: herbáceas, com até 2 m de altura; as arbustivas, de 2 a 5 metros de altura e as árvores maiores com 8 a 12 m de altura.Porém quando a chuva chega, a Caatinga se transforma, o acinzentado fica um exuberante verde e as folhas que haviam caído, reaparecem. A natureza renasce.
                       

O Meio Norte é a área que compreende a metade oeste do Piauí e o Maranhão, mais próximos à Amazônia. A economia se caracteriza pela agropecuária em expansão e o extrativismo vegetal do babaçu e da carnaúba. A agricultura tradicional do arroz, algodão vem dando expaço para o cultivo da soja, onde grande parte de sua produção vai para a exportação, o que gera bons lucros ao produtor e atrai cada vez mais migrantes da região sul.